terça-feira, 28 de setembro de 2010

IGREJAS OU EMPRESAS?

Por muitos anos as igrejas evangélicas, apesar das divergências doutrinárias com outras igrejas cristãs, foram dignas de respeito pela idoneidade com que seus líderes trabalhavam, buscando divulgar o evangelho e atender as necessidades do ser humano no seio da sociedade, mas procurando ser um referencial de humildade, equilíbrio e sobretudo de espiritualidade para seus fieis, até que de uns 20 anos para cá, precisamente da década de 80 em diante, começaram a surgir as igrejas evangélicas neo-ortodoxas, numa tentativa de contextualização e maior eficiência na conquista de adeptos, só que infelizmente muitas delas na tentativa de ser uma nova forma de igreja, tornaram muito mais empresas do que igreja, o que tem causado repugnância e até mesmo escândalo para muitos. De repente, surgiu algo novo, o “mercado de almas” em função dos cifrões. Igrejas começaram a se preocupar demais com o dinheiro, afinal quanto mais almas, mais dinheiro e assim houve uma grande inversão de valores. Surgiram os “apóstolos do século XXI”, só que ao invés de serem “considerados lixo do mundo e escória de todos”, como afirmou ser o apóstolo São Paulo, estes agora já são como “deuses no mundo e exploradores de todos”. Pois têm a coragem de em nome de Deus, estarem em busca de riqueza e posição. Ostentam mansões caríssimas, se vestem das melhores grifes, locomovem-se com os importados mais caros, enquanto muitos dos seus fiéis não tem às vezes nem o que comer e vestir, mas insistem em pregar sobre a tal da “teologia da prosperidade”, iludindo a multidão que acha que um dia todos estarão como estão os seus “bispos”. Estas igrejas empresariais, na sua maioria, não prestam contas de suas finanças, e o “povo crente” na sua ingenuidade e simplicidade confiam, de que estão sendo honestos e fazendo uso devido de seus dízimos e ofertas. Os “apóstolos e bispos” vivem correndo atrás do que eles chamam, os tubarões, pois se Jesus ensinou seus apóstolos a serem pescadores de homens, estes querem ser pescadores, mas só de tubarões, são os homens de grande poder aquisitivo, empresários, artistas, jogadores de futebol, e por aí vai uma lista interminável daqueles que poderão ao se “converterem” trazer um “gordo rendimento” para o orçamento da empresa eclesiástica. E o que é pior, quando na sua sinceridade estes homens se filiam a estas igrejas, quase sempre têm seus dízimos e ofertas manipulados pelos “poderosos” da igreja, que determinam onde e como estes deverão ser empregados. Tudo nestas igrejas, gira em torno de dinheiro, pois o sucesso de qualquer programação ou mesmo de projetos missionários é medido pelo retorno financeiro. Por exemplo, no passado os americanos investiram no Brasil, enviando seus missionários, construindo templos, escolas e até faculdades no Brasil, na expectativa de que tivessem um retorno de almas, isto é, pessoas que se convertessem e se tornassem membros de suas denominações; já estas igrejas de hoje, fazem ao contrário, enviam missionários para o meio dos próprios americanos, isto é, igrejas brasileiras que se organizam nos Estados Unidos, com expectativa de que tenha uma rentabilidade financeira grande, afinal o dólar é uma moeda muito forte. Só na Flórida, sul dos Estados Unidos, há mais de cem pastores brasileiros e de várias denominações evangélicas diferentes, implantando igrejas entre os brasileiros ali residentes, este número se multiplica por todo os Estados Unidos. Não seria mera coincidência, que justamente ali, se aglomere tantos missionários brasileiros, sendo que existe dezenas e dezenas de outras nações muito mais necessitadas de auxílio missionário? Existe ainda uma quantidade enorme de pastores que têm se retirado destas igrejas, indignados por verem tanta injustiça social dentro da própria igreja, estes saem machucados e rejeitados por discordarem de um sistema tão absurdo e corrupto. Há dentro destas igrejas, muita injustiça salarial, pois os pastores são pagos e tratados como funcionários de uma empresa, se trouxerem um lucro maior para o “caixa central”, serão recompensados como abonos e comissões, mas se o trabalho destes não render financeiramente, são mal remunerados e abandonados, com a responsabilidade de “milagrosamente” sobreviverem. Como a igreja visa dinheiro, não importa os métodos empregados, estas fazem uso de todo tipo de recursos para atingirem seu objetivo, por isto apelam muito para o sensacionalismo e assim “os fins justificam os meios” é o lema deles. Tudo isto, e muito mais tem denegrido a imagem da igreja evangélica nos nossos dias, sem dúvida a igreja precisava acordar da sua apatia e falta de contextualização, mas infelizmente tem faltado equilíbrio, nesta nova postura assumida por muitos nos nossos dias. Cabe a cada um tomar muito cuidado, e confiar desconfiando, afinal não é porque tem um nome bonito, uma fachada bonita, uma mensagem bonita, e muita coisa bonita, signifique que realmente está tudo bonito, lembramos as palavras do próprio Senhor Jesus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia”.

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